COLUNA DO PROFESSOR WALTERLI LIMA: ANESTESIA   

 

A efemeridade é uma das principais características das sociedades atuais.

O tempo social é consumido com demasiada velocidade.

Tudo nasce e envelhece com rapidez.

Da música ao fato.

Da arte à informação.

Nada é feito para durar.

O brinquedo perde a fantasia quando deixa as prateleiras e chega as mãos da criança.

Até mesmo os sentimentos tornaram-se descartáveis.

As atrocidades da guerra transmitidas em tempo real contorcem as mentes por instantes até se adequarem a paisagem anestesiada desafiando a sensibilidade humana de absorver tamanha intensidade.

Morre aos poucos a cultura.

A história é contada e esquecida na mesma velocidade.

A efemeridade das coisas e dos seres, dos fatos e dos sentimentos haverão de tornar a existência humana um breve esquecimento.

Tempos modernos.

Já não se mede as profundidades, basta tocar as superfícies.

Não há tempo para entender as essências, as aparências bastam para o agora.

Haverá um tempo em que a humanidade irá abdicar até mesmo do pensamento, deixando que as máquinas pensem pelos homens.

As civilizações haverão de deixar de existir como tempo e história.

A efemeridade será não mais somente uma característica, mas a própria essência.

Restará apenas as máquinas, agora pensantes, moldando o futuro.

 

 

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