MIRAGEM
Miragem e nada mais.
Aos poucos a paisagem muda o caminho.
O rio chora calado sua dor
Santarém, São Bernardo para nunca mais.
O pau-a-pique dar lugar ao frio concreto
Trazendo consigo a fria insegurança das noites
Sepultando as distraídas conversas nas beiras das calçadas.
Na pracinha o tempo parou
Os ponteiros insistem em não mais girar
Talvez por saudosismo dos tempos em que o tempo caminhava devagar
Sem pressa.
Fantasia do passado grudada ao rosto
O campinho de futebol empoeirado
Os velhos carnavais sem maldades
As brincadeiras de rua
Do tempo de quando criança era apenas criança a brincar
Distraidamente.
Até mesmo a velha Estação sucumbiu ao chão do alto de sua história
Do progresso ás ruínas num piscar de olhos.
O correr das noites sempre me surpreende
Olha-te velha centenária
Oiti no meio do caminho
Testemunha da história e do passado
O machado impiedoso também não te perdoou
És agora apenas miragem e nada mais.
Prof. Walterli Lima